segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dentritos, Corpo, Bainha de Mielina, Axônio...!

Um neurônio! Um neurônio básico. Nada muito espetacular. Simples e básico...
Desde que fizesse parte da tua cabeça, para eu saber o que se passa aí e tentar entender você!

Um! Só um! Seria pedir muito? Talvez sim, e por isto Deus me deixou fora de você!

Ora... se às vezes nem nós mesmos nos conhecemos... seria prepotência minha querer conhecer você mais intimamente do que me é permitido... Estar na sua mente, mas não como lembranças, e sim fazendo parte dessa complexidade cerebral, mental e existencial!

"Ler" seus pensamentos não seria suficiente! Os pensamentos mudam rápido, como as folhas do chão, quando um vento forte vem e as arrasta junto. Seria muito trabalho para concatenar todos eles e atualizá-los a todo instante. Eu precisaria estar realmente DENTRO da sua cabeça!

Mas se eu estivesse dentro da sua cabeça... qual seria o meu papel? Qual seria minha função nisto? Será que eu aguentaria ficar de espectador, e passivamente ver os pensamentos e decisões rolarem de um lado para o outro... de um outro neurônio para mim, e de mim passar para o seguinte...?

Será que eu iria suportar a função de ser um simples mensageiro de impulsos? Ou será que eu iria mexer e remexer em todas as ramificações e faria você mudar? Mudar de idéia, mudar de paisagem, mudar de pensamento? Seria o meu pensamento melhor que o seu? Se sim, então por que eu fiquei de fora? De fora da sua cabeça?!

É complicado demais isso! Complicado ver você agindo aleatoriamente, de um modo que realmente impressiona, pois de você nunca esperaria atitudes correlatas com esses seus pensamentos! Pensamentos que eu, do lado de fora, nunca imaginei existirem aí dentro!

Mas acho que o Plano Divino era este mesmo! Que eu viesse, visse, e vencesse! E do lado de fora, pois meu papel aí dentro seria muito limitado, e eu sou muito mais do que às vezes sou visto. Ou por falta de visão, ou por outro motivo que deve estar aí dentro, junto com os meus outros colegas neurônios.

Eu tenho que ficar aqui mesmo, onde estou: do lado de fora! No papel de torcedor, observador, aprendiz e professor... É só este o papel que me cabe agora!


Flávio Augusto Albuquerque

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