Quarenta e cinco
minutos desde o ponto de partida até a chegada; 11 pessoas sentadas, nenhuma em
pé; sobem 30 pessoas, descem 15. Sobem 18 e 5 ficam em pé! Vinte paradas desde
o início da viagem até o final. Quinze faróis abertos, 20 fechados e 12 amarelos.
Sessenta e três esquinas. Trinta e dois km de distância.
Vários números e
diversas combinações interligadas; uma alteração em uma dessas variáveis e muda
todo o restante! 97 bocejos; 15.357 piscadas de olhos; Noventa e uma árvores
com 317 postes: é a cidade tomada pelo caos da evolução!
A chuva continua...
721.319 pingos desde a "cumulus nimbus" de origem até o chão,
caindo ao mesmo tempo. Nove litros de água do céu a cada cerca de 14 minutos.
Sistema de boeiros e escoamento que comporta apenas 7 litros a cada 20 minutos.
Resultado: lama, poça d'água, alagamento; caos! Duzentos e dezenove carros na
mesma direção, com sentidos diferentes numa mesma via. Do outro lado, 57 carros
na mão contrária.
Milhares de vírus e
bactérias voando pelo ar, invisíveis, sendo repassados de uns para os outros
através de tosse, espirro, contato com cédulas e moedas, corrimão de ônibus,
assentos de cadeiras, apertos de mãos...; Vírus e bactérias que muitos já estão
imunes, e outros tantos que são novos, modificados, evoluídos... Matam-se os
homens a cada dia, a cada instante: Renovação x Destruição; Renovação +
Destruição; Renovação = Destruição...
Tantos detalhes,
tantas possibilidades, tantas informações, tantas escolhas... e só ele observa
tudo isso e analisa, sem ser visto nem notado! Do mesmo modo que os vírus e
bactérias, ele transita por entre os outros passageiros, esbarrando em uns,
desviando-se de outros, até chegar ao seu local e parar! Ele permanece calado,
quieto, sentado, ouvindo, vendo, calculando... Quantas possibilidades existem
de acontecer um acidente? E se for uma capotagem? No lado direito ficam as
portas; funcionam aquelas saídas de emergência? E no lado esquerdo? “Puxe a
alavanca e empurre a janela!” Alguém já testou aquilo?
Quantas pessoas no
lado de fora a esperar a chegada de seus ônibus! O que será que se passa na
cabeça delas? Será que alguém está pensando em algo? Ele divaga e volta para
os seus pensamentos. Lembra que quando não quer pensar em nada apenas ouve uma
música em sua mente e fica com o olhar vago... as pálpebras se fecham... o frio
da chuva abaixa a temperatura no coletivo até ele dormir! Dormida de sono
inquieto, vigilante para não passar do seu ponto. O ponto de sempre. O ponto
que chega. E agora, embaixo da chuva, e após todo o tempo da viagem, ele volta
à sua casa com mais um dia terminado. Mais uma vez dormir sozinho, até a hora
de amanhecer, e começar tudo outra vez!...
(...)
Quarenta e cinco
minutos desde o ponto de partida até a chegada; 11 pessoas sentadas, nenhuma em
pé; sobem 30 pessoas, descem 15. Sobem 18 e 5 ficam em pé! Vinte paradas desde
o início da viagem até o final. Quinze faróis abertos, 20 fechados e 12
amarelos. Sessenta e três esquinas. Trinta e dois km de distância.
Flávio Augusto Albuquerque
Nenhum comentário:
Postar um comentário