quarta-feira, 13 de julho de 2011

A última viagem... antes da próxima!

Quarenta e cinco minutos desde o ponto de partida até a chegada; 11 pessoas sentadas, nenhuma em pé; sobem 30 pessoas, descem 15. Sobem 18 e 5 ficam em pé! Vinte paradas desde o início da viagem até o final. Quinze faróis abertos, 20 fechados e 12 amarelos. Sessenta e três esquinas. Trinta e dois km de distância.

Vários números e diversas combinações interligadas; uma alteração em uma dessas variáveis e muda todo o restante! 97 bocejos; 15.357 piscadas de olhos; Noventa e uma árvores com 317 postes: é a cidade tomada pelo caos da evolução!

A chuva continua... 721.319 pingos desde a "cumulus nimbus" de origem até o chão, caindo ao mesmo tempo. Nove litros de água do céu a cada cerca de 14 minutos. Sistema de boeiros e escoamento que comporta apenas 7 litros a cada 20 minutos. Resultado: lama, poça d'água, alagamento; caos! Duzentos e dezenove carros na mesma direção, com sentidos diferentes numa mesma via. Do outro lado, 57 carros na mão contrária.

Milhares de vírus e bactérias voando pelo ar, invisíveis, sendo repassados de uns para os outros através de tosse, espirro, contato com cédulas e moedas, corrimão de ônibus, assentos de cadeiras, apertos de mãos...; Vírus e bactérias que muitos já estão imunes, e outros tantos que são novos, modificados, evoluídos... Matam-se os homens a cada dia, a cada instante: Renovação x Destruição; Renovação + Destruição; Renovação = Destruição...

Tantos detalhes, tantas possibilidades, tantas informações, tantas escolhas... e só ele observa tudo isso e analisa, sem ser visto nem notado! Do mesmo modo que os vírus e bactérias, ele transita por entre os outros passageiros, esbarrando em uns, desviando-se de outros, até chegar ao seu local e parar! Ele permanece calado, quieto, sentado, ouvindo, vendo, calculando... Quantas possibilidades existem de acontecer um acidente? E se for uma capotagem? No lado direito ficam as portas; funcionam aquelas saídas de emergência? E no lado esquerdo? “Puxe a alavanca e empurre a janela!” Alguém já testou aquilo?

Quantas pessoas no lado de fora a esperar a chegada de seus ônibus! O que será que se passa na cabeça delas? Será que alguém está pensando em algo? Ele divaga e volta para os seus pensamentos. Lembra que quando não quer pensar em nada apenas ouve uma música em sua mente e fica com o olhar vago... as pálpebras se fecham... o frio da chuva abaixa a temperatura no coletivo até ele dormir! Dormida de sono inquieto, vigilante para não passar do seu ponto. O ponto de sempre. O ponto que chega. E agora, embaixo da chuva, e após todo o tempo da viagem, ele volta à sua casa com mais um dia terminado. Mais uma vez dormir sozinho, até a hora de amanhecer, e começar tudo outra vez!...

(...)


Quarenta e cinco minutos desde o ponto de partida até a chegada; 11 pessoas sentadas, nenhuma em pé; sobem 30 pessoas, descem 15. Sobem 18 e 5 ficam em pé! Vinte paradas desde o início da viagem até o final. Quinze faróis abertos, 20 fechados e 12 amarelos. Sessenta e três esquinas. Trinta e dois km de distância.


Flávio Augusto Albuquerque

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