Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada! (Sigmund Freud)
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
segunda-feira, 22 de maio de 2017
Objetividade subjetiva
Certa vez, em exercício escolar,
havia uma questão que perguntava se uma foto refletia uma imagem objetiva ou
subjetiva. Naquele momento respondi, inocente e precipitadamente (ou
inexperiente o suficiente para entendê-la), como “objetiva”...
Quão tolo fui, ao imaginar
literalmente que tinha a ver com a lente objetiva da máquina fotográfica. Pois
bem, a resposta correta era, naquele momento, subjetiva.
E o real porquê disso tudo me fez
refletir por muito tempo... “por quê uma foto refletiria algo subjetivo e não objetivo?
”, algo que mostrava o “objeto” daquele momento registrado na foto. Além disso,
afinal de contas, uma foto era algo simples para mim, só um objeto. Pode-se
fazer da foto qualquer tipo de imagem... algo alegre, algo triste, algo
apático, algo contemplativo... “simplesmente”, repito, um objeto, um registro
de um momento.
Demorou um tempo até que eu
entendesse que aquela imagem registrada na foto representava algo realmente
subjetivo, no sentido da palavra, de ser algo que era particular para cada um. Algo
que fazia parte do sujeito. Cada um vê uma imagem de um modo, sob uma própria
perspectiva. Era justamente a liberdade de alguns poderem tirar daquele objeto a
imagem que melhor lhes “agradava”: ou alegre, ou uma memória triste, ou apenas
uma decoração...
Afinal, existe algo mais
“subjetivo” do que a capacidade e liberdade de enxergar a partir da ótica do
próprio sujeito, a representação (ou
interpretação) de algo em particular?
Os argumentos que se sustentavam
como justificava antes, para mim, que a fotografia era apenas um “objeto” que
refletia algo triste ou alegre, ou lembranças boas ou ruins..., que isto seria apenas um objeto, são os mesmos
argumentos que me fizeram entender, depois de algum tempo, que a realidade
apenas correspondia à visão de quem a olhava, sendo, então, subjetivo.
Ainda sobre isso: o sorriso em
uma fotografia, este não retrata exatamente a felicidade. Pode ser apenas uma “pose
para a foto”, um “xis”. Não mostra a
alegria ou felicidade interior da pessoa fotografada. Fotos de imagens, sem
pessoas, podem falar muito mais do que mil palavras ou sorrisos. Ou muito mais
tristeza do que muitos choros e lágrimas.
Mas o que dizer disso tudo? Como
concluir essa questão?
Hoje vejo que a felicidade ou
tristeza, ou mesmo a profundidade e importância de uma imagem registrada
através de uma objetiva de máquina ou aparelho fotográfico importa às vezes
muito mais (ou simplesmente) para quem a vê -tendo participado ou não daquela
imagem-, do modo e do momento do registro “do objeto”.
Citando Exupéry, “o importante é invisível aos olhos”. A
felicidade ou tristeza está dentro de cada um. Um sorriso é falso ou real
dependendo de quem o vê, e bem mais -evidentemente- para quem sorriu ou chorou
antes, durante ou depois da foto, da imagem. Ou seja, tudo se trata e depende
da imagem, representação e interpretação do objeto que nos dispomos a nos
tornar.
Alegria ou tristeza estão dentro
de cada um e não podem sempre ser determinadas ou extraídas por uma imagem “exterior”,
apesar de assim o serem. Muitos sorrisos, por exemplo, podem ser tristezas
reprimidas; máscaras usadas para impressionar, ou mesmo para não chocar, quem as
vê. Queremos sempre impressionar com o exterior, oprimindo e reprimindo assim,
o real interior.
Esperamos cada vez mais ansiosos pela
aprovação daqueles que nos veem, “na realidade”, como objeto decorativo.
Estamos sempre na tentativa de sermos aceitos como uma imagem que pode ser
vista e contemplada como bela e satisfatória aos olhos dos outros, mesmo que em
detrimento ao que temos, somos e representamos por dentro: a realidade
objetiva. Objeto este que, em grande parte, se sobrepõe -talvez por completo- ao
real sujeito que somos.
Flávio Augusto Albuquerque
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