quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Querer ou não querer?

"Querer ou não querer?"... Eis a questão!

Porém, maior do que a questão proposta é: O que querer?
Costumamos sempre querer o perfeito.
Queremos o encaixe... o encaixe perfeito.

Sendo assim, o que é o encaixe? Não seria uma mera adaptação?
E quanto ao perfeito? Estaríamos em busca do Divino, assim como o defendido por filósofos da antiguidade?

Então, permitam-me expandir a dúvida inicial: "O que é o querer? Querer o que?"
Ou seja, o que buscamos?

Ora, o encaixe é, senão, adaptar-se ora "aqui", ora "acolá", sendo, portanto, transitório. Busca-se o encaixe a tudo e a todos, menos a si próprio.

E a perfeição? O que seria a perfeição, o perfeito? É algo que existe?
Buscar o perfeito seria, consequentemente, uma busca eterna. Algo inatingível e frustrante ao nosso entendimento, com toda licença que peço à Platão, São Tomás de Aquino, Descartes... já que aqui limito-me ao "perfeito" físico. É algo transcendente. Buscar o perfeito é tentar tocar o intangível, o que arrisco-me fácil a dizer sem hesitar: inexistente.

Tentar convencer-se de que algo ou alguém é ou pode ser perfeito, é atestar total e completo estado de ilusão e limitação.

Seres humanos, simples como somos, não chegam a quaisquer que sejam os conceitos de perfeição. Portanto, querer e buscar o encaixe perfeito é, assim, mergulhar-se em uma transitoriedade banhada em ilusão constante. Está aquém do que podemos ser!

E quanto a mim? Querer? Sim, eu quero! Mas com certeza quero o desencaixe. Não quero adaptação, que inspira o comodismo. Lugar comum por quê? Para quê? Encaixe? Este eu quero encontrar em mim!

E a perfeição? ... Bom, esta eu recuso, pois sabiamente a felicidade vai muito além da perfeição!


Flávio Augusto Albuquerque